Marina - Uma releitura maravilhosa com alguns amigos e com minha filha.

O Projeto Zafón Cronos da Drica está maravilhoso e fechamos com chave de ouro a primeira parte do evento, com a leitura de Marina (discussão no sábado passado - 28/08/21), que foi o primeiro livro que me fez conhecer o autor e que é o meu xodozinho, tanto porque homenageia uma sobrinha linda que tenho e porque é uma história cheia de mágica, de sutilezas, de cheiro de amizade e também de um pouco de dor. Não é possível viver uma vida inteira e não ter do que não chorar, sempre existem momentos nas nossas histórias que a tristeza se avizinha e que a gente precisa desabafar um pouco. Com Marina, foi assim.

A história vai falar de personagens cativantes, como o Oscar Drai, a Marina e o seu pai, Germán. Três personalidades que tomam conta do meu coração quando inicio a releitura dessa obra prima de Zafón. Eles formam um grupo tão fantasticamente unidos, que eu até me esqueço de que o Oscar é apenas um amigo da família, que vive há muitos anos sozinha, naquele casarão com cara de abandonado, com um gato de nome incomum: Kafka, provavelmente, uma homenagem ao escritor.

O enredo não foge do clima de mistério e um pouco de assombração dos outros livros que foram lidos anteriormente, mas nesse, a história fica um pouco mais amarrada, eu diria que não sobraram pontas e até posso te perguntar porquê você ainda não começou a lê-lo. Eu leria!

No decorrer da história, das aventuras de Oscar no casarão e na Barcelona encantada que é desvendada pelos pequenos amigos, eu, que nunca nem saí do Brasil, já quero conhecer Barcelona só de ouvir os relatos que Oscar fez. Quero visitar aqueles cemitérios cheios de estátuas góticas e respirar o mesmo ar que foi palco da vida do autor por tantos anos.

Um dos pontos do livro que remetem à infância do Zafón é que ele também estudou por algum tempo num internato, um colégio de padres e foi lá que adquiriu amor à leitura, com um dos padres que sempre o orientava a fazer boas leituras. 

O livro também conta com partes do texto que nos faz refletir a importância das artes, a escrita, a pintura, a escultura como fontes de um saber imbuídos de uma alma que nem todos conseguem captar.

"- Nunca tinha visto quadros assim. Parecem... fotografias da alma." (Pág. 41)

"- De cada mil pessoas que compram um quadro ou uma obra de arte, só uma tem uma ideia remota do que está comprando - explicava Salvat, sorridente. - Os outros não compram a obra, compram o artista, o que ouviram e, mais ainda, o que imaginam a seu respeito." (Pág 45)

Eu poderia ficar desfiando um rosário de mil motivos pelo amor pelo livro, mas é bom que cada um possa ver por seus próprios olhos a grande maravilha que foi feita na produção desse pequeno livro. Eu o comparo ao Pequeno Príncipe do Exupèry, cheio de tesouros escondidos e de homenagens a outros escritores, disfarçadas de assombração. 

Foi muito bom poder ler entre amigos e contar com a presença de minha filha, Silvana, que não mora na mesma cidade que moro, mas que, como eu, sentiu-se com a mesma sensação de pertença ao livro, como se fôssemos parte do seu enredo, porque a escrita do autor realmente nos leva a pensarmos que estamos lá dentro com as personagens, vivenciando cada frase e cada momento. Por isso. eu quero deixar aqui essa postagem, como uma dica de leitura que vai mudar o seu modo de ler livros e de olhar a vida.

O final, talvez, não fosse o final que nenhum de nós esperávamos ler, mas é um traço do autor, fazer coisas que não estão sob o nosso domínio, afinal de contas, somos apenas seus leitores e devemos entender que o autor de uma obra tem direito de fazer o que bem entender com seus personagens.

Enfim, Marina nos ensinou muitas coisas, inclusive que o relógio da vida não atrasa, pelo contrário, muitas vezes se adianta, por isso que a vida é um eterno presente do Criador, eu espero que você não demore a comemorar com alegria o seu dia de hoje e que se for lendo um bom livro, melhor presente será.

Abração,

Drica.